terça-feira, 6 de novembro de 2012

SOMOS BACTÉRIAS OU CÉLULAS?


As bactérias superam as nossas células em número de pelo menos 10 para um. Os Investigadores mostram-nos que desempenham um papel crucial na nossa saúde.

Somos mais bactéria que humanos. O corpo humano é constituído, aproximadamente, por 100 biliões de células, destas aproximadamente 90 biliões são células bacterianas, isto é,por cada célula humana existem 10 células bacterianas no corpo, a maioria delas localizam-se no intestino. Se pudéssemos juntar todas as bactérias do nosso corpo teriam um peso aproximado entre 0.5 a 2 kg. Apenas na palma da nossa mão existem cerca de 150 espécies diferentes de Bactérias.

Quem somos? Os filósofos têm-se questionado ao longo dos séculos em busca de uma resposta correcta sobre a nossa identidade. Desde o “homem é um animal racional” de Aristóteles até o conceito do “eu” para Freud, há respostas para todos os gostos.


No entanto, os biólogos quiseram acrescentar mais um grau de complexidade à pergunta já de si complicada. As investigações dos últimos 10 anos, como observou Jennifer Ackerman num fascinante artigo publicado na última edição de “Scientific American”, demonstraram que a maioria de células que compõem o corpo humano não são células humanas: são bactérias!




Por cada célula humana podem-se contar 10 bactérias coexistindo connosco, quase sempre em perfeito equilíbrio do qual depende a sua sobrevivência, assim como a nossa. Outro facto que faria com que mais de um filósofo das velhas escolas “coçasse” a cabeça é o seguinte: temos entre 20.000 e 30.000 genes humanos, mas se os somarmos aos genes das bactérias que pululam no nosso intestino, os respingos dos genes que levamos aí ascende a 3,3 milhões de genes.

Equivocaram-se todos os que durante décadas viram no mundo microbiano um exército de inimigos. “Nosso narcisismo manteve-nos muito atrás. Tendemos a acreditar que temos todas as funções necessárias para uma boa saúde”, explica Sarkis Mazmanian, biólogo do Instituto Tecnológico de California, “só por serem externos, só porque os adquirimos do mundo exterior, não significa que sejam uma parte menos fundamental de nós”.

As evidências a favor deste novo enfoque da medicina são várias. Por exemplo, a Bacteróides thetaiotaomicron, portadora de genes capazes de sintetizar 260 diferentes enzimas, parecem desempenhar um papel fundamental na digestão de grandes cadeias de carbohidratos na nossa dieta. A pergunta que hoje é colocada pelos científicos é se a obesidade não está de alguma forma relacionada com a presença destes microorganismos.


Além disso, a desprestigiada Escherichia coli, acusada de ser a responsável das úlceras e da gastrite crónica, tem vindo a recuperar a sua reputação graças a esta abordagem.

Aparentemente, esta bactéria ajuda a regular a acidez do estômago nas pessoas saudáveis.

Mazmanian adverte: “O que temos feito como sociedade num curto espaço de tempo tem sido alterar completamente a nossa relação com o mundo microbiano”, referindo-se ao uso de antibióticos e aos partos por cesariana que evitam aos bebés um primeiro contacto com as bactérias que habitam no trato genital das mulheres. O resultado desta alteração pode ser uma das causas no aumento das doenças auto-imunes, uma vez que muitas das bactérias na nossa pele, no nosso intestino, estômago e trato urinário podem estar a desempenhar um papel na regulação do sistema imunológico.

Outra investigação interessante até à data inclui:


1. Comportamento: Um estudo publicado em Neurogastroenterologia e Motilidade mostra que descobriram que os ratinhos que carecem de bactérias intestinais têm um comportamento diferente dos ratinhos normais, em função do que se conhece como "comportamentos de risco". Este comportamento foi acompanhado por alterações neuroquímicas no cérebro do rato. Os investigadores declararam: "As bactérias colonizam o intestino nos dias seguintes ao nascimento, durante um período sensível do desenvolvimento do cérebro, e aparentemente influenciam o comportamento mediante a indução de alterações na expressão de certos genes."

2. Expressão Génica: Como já se mencionou acima, os investigadores também descobriram que a ausência ou presença dos microorganismos intestinais durante a infância altera permanentemente a expressão génica.

Através do perfil de genes, investigadores conseguiram discernir que a ausência das bactérias intestinais alteraram os genes, assim como as vias de sinalização envolvidas na aprendizagem, a memória e o controlo remoto. Isto sugere que as bactérias intestinais estão intimamente ligadas com o desenvolvimento inicial do cérebro e o seu posterior comportamento. Estas mudanças comportamentais poderiam ser invertidas, sempre e quando os ratinhos fossem expostos aos microorganismos normais no início da vida. Mas, uma vez que os ratinhos livres de germes tinham atingido a idade adulta, a colonização com bactérias não influenciou o seu comportamento. Do mesmo, os probióticos também foram encontrados para influenciar na actividade de centenas de genes, o que ajuda a expressar de maneira positiva no combate a doenças.

3. Diabetes: As populações de bactérias no intestino dos diabéticos diferem dos não diabéticos, segundo um estudo realizado na Dinamarca. Em particular, os diabéticos tinham menos Firmicutes e mais quantidades de Bacteroidetes e Proteobactéria, em comparação com os não diabéticos. O estudo também descobriu uma correlação positiva para as relações de Bacteroidetes a Firmicutes e a tolerância à glucose reduzida.

Os investigadores concluíram"Os resultados deste estudo indicam que a diabetes tipo 2 nos seres humanos está associada a alterações de composição da flora intestinal."

4. Autismo: O estabelecimento da flora intestinal normal nos primeiros 20 dias, mais ou menos, de vida tem um papel crucial na maturação adequada do sistema imunológico do bebé. Portanto, os bebés que desenvolvem uma flora intestinal anormal ficam com sistemas imunológicos comprometidos e estão particularmente em risco de desenvolver transtornos como o TDAH, problemas de aprendizagem e autismo, sobretudo se são vacinados antes de restabelecer o equilíbrio da flora intestinal.

5. Obesidade: A composição das bactérias intestinais tende a variar das pessoas magras em relação às pessoas obesas. Esta é, até à data, uma das áreas mais fortes da investigação de probióticos. A conclusão é de que a reestabelecimento da flora intestinal deve ser uma consideração importante para quem está lutando por perder peso. E fazer isso é relativamente simples, situação que mostrarei de seguida.


As suas bactérias intestinais encontram-se debaixo de uma constante agressão!


Você come muitos alimentos açucarados? Toma antibióticos? Bebe água clorada? Come CAFO (alimentação de animais confinados) carnes (que normalmente se bombeam antibióticos e outros medicamentos)? Todas estas prácticas comuns causarão estragos na composição das bactérias no intestino. E apesar de que poderem ter nascido com um certo enterótipo, o estilo de vida tem influência diária sobre a flora intestinal. A bactérias intestinaies são extremamente sensíveis a:

• Antibióticos

• Água clorada

• Sabão antibacteriano

• Productos químicos agrícolas

• Poluição


Esta é a razão pela qual comer alimentos fermentados é tão benéfico! Se o fizer, ajudará a "propagar de novo" o seu corpo com boas bactérias. Se não se consumem regularmente os tradicionais alimentos fermentados, um suplemento probiótico de alta qualidade proporcionará benefícios similares:

• Lassi (bebida de yogurte indiano, tradicionalmente disfrutada antes do jantar)

• Leite fermentado, como o kéfir (um litro de kéfir pasteurizado tem muito mais bactérias activas do que em qualquer suplemento de probióticos)

• Vários lacto-fermentações em vinagre de cidra, repolho, nabo, beringela, pepino, cebola, pepino e cenouras

• Natto (soja fermentada)

Ao escolher alimentos fermentados, mantém-se afastado das versões pasteurizadas. Com a pasteurização destróiem-se muitos dos probióticos que se reproduzem naturalmente. Isto inclui a maioria dos yogurtes "probióticos" que se encontram, actualmente, em todos os supermercados, uma vez que estão pasteurizados, associam-se a todos os problemas do leite pasteurizado e aos produtos que apenas contêm açúcares, como por exemplo o xarope de milho, elevados níveis de frutose, colorantes e edulcorantes artificiais, tudo o qual só empobrecerá a sua saúde.

Recorde que, 80 por cento de sistema imunológico encontra-se no intestino, sendo esta uma razão pela qual convém nos devemos lembrar que a microflora intestinal é um elemento essencial de uma boa saúde. Um robusto sistema imunológico, com o apoio de ecossistema na microflora interior, é a principal defesa contra todas as doenças, desde um simples resfriado até ao cancro.


FLORA: FERMENTAÇÃO E PUTREFACÇÃO


Inicialmente é importante compreender que o tipo de alimentação que praticamos, determinará a qualidade e composição da nossa flora intestinal. Claramente, um vegetariano desenvolverá preeminência de flora fermentativa, enquanto que para uma pessoa que integre carne na sua rotina alimentar, tenderá a prevalecer a flora putrefactiva.

Este dualismo bacteriano (fermentação-putrefacção) também tem muito a ver com o equilíbrio ácido básico do organismo. Nos animais fitófagos (herbívoros ou vegetarianos), a matéria fecal excretada por un corpo saudável, mostra um pH ácido, enquanto que nos carnívoros, o pH é alcalino. Isto é consequência dos diferentes metabolismos. A digestão fermentativa permite assimilar substâncias alcalinas, que são rapidamente absorvidas pelo sangue. Por outro lado, os micróbios putrefactivos retêm os álcalis e geram a absorção sanguínea de substâncias ácidas. É por isso que a flora fermentativa ajuda a alcalinizar o sangue, enquanto que a flora putrefactiva a acidifica.

A dieta proteíca, típica dos carnívoros, gera poucos resíduos e as bactérias da flora intestinal actuam sobre esses restos pouco ou mal digeridos. Devido à falta de oxigénio na seccção do intestino grosso onde se desenvolve o processo, a acção das bactérias sobre os aminoácidos das proteínas gera amoníaco e aminas, alguns dos compostos de azoto que actuam de forma contundente sobre os vasos sanguíneos e o sistema nervioso, alterando-os.

Situações que afectam a flora intestinal:

Excesso proteíco: carne e lacticínios.

A falta de fibra solúvel (que é a que se dissolve em água) – quase ausente na alimentação industrializada-, que é o alimento da nossa flora. Além disso, tem um grande poder depurativo, encontrando-se nas frutas, sementes, algas e hortaliças.

Os açúcares refinados: açúcar branco, glucose e xarope de milho com elevada concentração de frutose. Gera adição e está presente nos alimentos industrializados. Gasosas, marmeladas açucaradas, pão, guloseimas, etc. Gera processos inflamatórios e parasitas.

Os aditivos e conservantes que evitam a descomposição dos alimentos industrializados, também inibem as reacções enzimáticas, bloqueando a actividade digestiva.

O antibiótico quotidiano: não há nada mais incompatível e agressivo para a flora que a toma diária de antibióticos utilizado na produção industrial. Os resíduos permanecem na área de aplicação por 47 dias e no fígado e ries por 75 dias. Também são utilizados na alimentação dos animais, impregnando todos os tecidos com antibióticos. Dados dos anos 70: nos EEUU já se consumiam 1300 toneladas por ano. Estos antibióticos geram mortalidade bacteriana provocando intoxicação hepática.

A candidíase crónica: esta anormal proliferação converte-se num fungo que penetra a mucosa. São difíceis de eliminar e produzem 79 tóxicos, provocando uma grande quantidade de problemas: inflama a mucosa e tornam-se permeáveis, passando ao sangre substâncias tóxicas e mal digeridas repercutindo-se no trabalho do fígado.

Os parasitas intestinais: quando o equilíbrio é perturbado aparece a invasão parasitária. Alguns parasitas entram com os alimentos e outros são consequência da agressão de antibióticos e químicos. Esta reacção descontrolada, gera alergias, depressão imunológica, incremento da toxemia e aumento da desordem da flora.

Os fluídos digestivos: há hábitos que conspiram contra a qualidade dos fluídos, como a insuficiente mastigação e salivação do alimento, o uso e abuso de antiácidos.


Levas tempo suficiente para mastigar?

Levante a mão quem não leva tempo para mastigar!


OM TAT SAT

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